DECLARAÇÃO DE VOTO
Parecer sobre a “Reorganização Administrativa”
Territorial Autárquica do Concelho de Almada (nos termos do n.º 2, do artigo
11.º, da Lei n.º 22/2012, de 30 de maio)
1. Esta reforma é uma opção do Governo
O
Governo decidiu, sozinho, elaborar um “Livro Verde da Reforma Administrativa”,
que colocou em consulta pública, dando lugar posteriormente a proposta de
legislação presente à Assembleia da República, da qual resultou a Lei n.º
22/2012, de 30 de maio, aprovada apenas com o voto favorável do PSD e do CDS e
com o voto contra de todos os partidos da oposição, incluindo do PS.
A
“Reforma Administrativa” idealizada pelo Governo – e só pelo Governo – assenta,
exclusivamente, na extinção de freguesias, assumindo para tal critérios a “regra e esquadro”, não consubstanciando
qualquer estratégia de melhoria da eficiência na prestação do serviço público
aos cidadãos e às empresas mas, tão só e apenas, um exercício atabalhoado para
querer mostrar serviço às instituições com quem Portugal acordou um Programa de
Ajustamento Económico e Financeiro, as quais não tinham pedido esta “reforma”
em particular.
Trata-se
de uma” reforma” sem qualquer propósito: Não atende a critérios de eficiência e
melhoria da prestação do serviço público e não é uma reforma com qualquer
impacte nas contas públicas, na medida em que as freguesias, no seu conjunto
nacional, representam apenas cerca de 0,1% do Orçamento de Estado.
Todos
estes argumentos foram apresentados, quer pelas diferentes forças políticas,
quer por centenas de autarquias, pelas suas associações representativas e,
também, por muitos cidadãos que, de forma clara e inequívoca, têm aderido às
diferentes iniciativas de contestação a esta “reforma”.
Trata-se,
por isso mesmo, de uma opção do Governo, e tão só do Governo, mas também
vincula os Deputados do PSD e do CDS que, com o seu voto, viabilizaram a sua
aprovação.
2. O Poder Local Democrático
A
democracia portuguesa tem no Poder Local Democrático uma das suas marcas de
sucesso. Trata-se de um serviço público de proximidade, eleito diretamente
pelas populações, e que funciona no quadro das regras democráticas.
Nas
autarquias, milhares de pessoas cumprem, todos os dias, um importante serviço
às populações e contribuem para o desenvolvimento económico e social do País.
As
freguesias, sem competências próprias, foram assumindo ao longo dos anos
competências descentralizadas pelas Câmaras Municipais, e foram assumindo
tarefas e responsabilidades que as necessidades do quotidiano foram impondo.
Nem todas o fizeram da mesma maneira, mas a regra tem sido a de assumir
responsabilidades sem regatear esforços e, as mais das vezes, trabalho
voluntário e abnegado.
Em
muitas freguesias, quando quiseram fechar serviços de correios, as Juntas de
Freguesia não se limitaram a ficar a protestar e assumiram essas
responsabilidades. Em muitas freguesias, é o Presidente de Junta que assegura o
transporte de doentes, quando o sistema público acaba por falhar.
As
freguesias são o primeiro contacto dos cidadãos com os poderes públicos e
ajudam e promovem a resolução dos problemas das pessoas e das instituições. O
que seria do movimento associativo sem as suas freguesias? O que seriam os
mercados em que a gestão é descentralizada sem as suas freguesias? O que seriam
os territórios sem a presença do Estado, que presta serviço público e promove a
qualidade e o bem estar social?
3. As freguesias em Almada
Almada,
ao longo de todo o período democrático, consolidou e avançou com uma
organização administrativa que, não sendo perfeita – como nada o é – foi aquela
que melhor se revelou adequada para responder às necessidades do nosso
território.
As
nossas onze freguesias, com o seu património, as suas populações, constituem um
instrumento poderosíssimo de desenvolvimento do nosso território.
Por isso
tem havido um fortíssimo consenso na manutenção das onze freguesias: Todos os
Presidentes de Junta de Freguesia assinaram um manifesto comum nesse mesmo
sentido. As diversas Assembleias de Freguesia aprovaram Moções nesse sentido. A
Assembleia Municipal
assim o fez também, por mais de uma vez.
E há um
consenso nos movimentos sociais, económicos e associativos que apontam nesse
mesmo sentido.
Daí que
outra posição não poderia ser tomada pela Câmara Municipal de Almada do que o
reafirmar do consenso em torno das nossas onze freguesias.
4. A Reforma Administrativa
Estar
contra esta “Reforma” preconizada pela Lei n.º 22/2012, de 30 de maio não
significa imobilismo.
Uma
reforma administrativa, mesmo ao nível das freguesias não se faz como o Governo
se propôs fazer. E há exemplos, como a Amadora e Lisboa, em que os próprios
Municípios impulsionaram uma reforma: identificando serviços e competências que
devem ser descentralizadas para o nível de freguesia, e discutindo de forma
séria o modelo da sua implementação eficaz. Por isso essas reformas geraram
consenso alargado dos diversos atores políticos e sociais.
E a
reforma administrativa passa por olhar para tudo: Da Administração Central à
Administração Local, passando pela ponderação do nível regional, a par da
administração desconcentrada do Estado.
5. A posição do PS
O PS foi
sempre muito claro: Esta “reforma administrativa” não tem o nosso acordo. Por
isso votámos contra na Assembleia da República e não fomos cúmplices com a
nomeação de uma Unidade Técnica que, mais não vai fazer, do que cortar a “régua
e esquadro” o território.
Acompanhámos
em Almada as manifestações Públicas, promovemos o debate e assumimos a
manutenção das nossas onze freguesias: Almada, Cacilhas, Caparica, Charneca da
Caparica, Costa da Caparica, Cova da Piedade, Feijó, Laranjeiro, Pragal,
Sobreda e Trafaria.
Por isso
votamos favoravelmente a proposta de parecer submetida à reunião de Câmara
realizada em 25 de setembro de 2012.
Almada,
25 de setembro de 2012
Os
Vereadores do Partido Socialista
Super!!
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